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terça-feira, 21 de setembro de 2010

PROTAGONISMO POLITICO FEMININO

 Liliana Peixinho *



A luta da mulher pela conquista de espaço, reconhecimento, direitos e inserção social acompanha o próprio desenvolvimento humano. Muito se conquistou, com certeza, com sangue, suor e lágrimas. Mídia, movimentos sociais, coletivos de trabalhadoras e a própria instituição familiar estão sempre a destacar a luta da mulher como pessoa, ser humano, mãe, trabalhadora, amiga e os mais diversos papéis que a mulher sempre esteve, está e estará fadada a desempenhar na construção de novas civilizações. Socializar essa discussão com ações cotidianas, focar desafios e mudanças para uma Economia circular, cidadã, sustentável, em harmonia com a Natureza, é uma nova pauta na velha luta pela preservação da Vida.

Se as conquistas femininas por um lado nos enobrece, aumenta a auto-estima, nos honra e nos orgulha. paradoxalmente está a nos entristecer, fazer pensar, repensar, ponderar, porque essas conquistas deveriam nos fazer mais felizes, menos estressadas, mais harmoniosas e menos exploradas. E isso não está acontecendo proporcionalmente às nossas conquistas históricas. Ainda somos minoria no parlamento, ganhamos muito menos que os homens, fazendo as mesmas funções, temos jornadas múltiplas, com acúmulo de tarefas. E pior, ainda não nos reconhecemos para elegermos as próprias mulheres na defesa desse protagonismo na luta por direitos. E isso é um contrasenso.

É inegável o reconhecimento da participação feminina nos mais diversos ambientes de produção. A mulher se destaca como produtora do conhecimento, difusora de informações, gestora de conflitos, executora de ações sustentáveis nas Cadeias Produtivas, seja no lar, no trabalho, na escola, na família, na comunidade, na política, na economia. Enfim, o olhar, o fazer, o cuidado feminino, é instrumento revolucionário na construção do novo paradigma do equilíbrio entre necessidades de consumo e preservação de matrizes energéticas limpas.

As guerreiras do Brasil e Bahia afora que estão na luta pela conquista de novos degraus, no mais alto grau da representação política de um país, são oportunidades que nós, mulheres e/ou homens com sensibilidade temos agora, nesse processo eleitoral inédito, para reconhecermos, de fato, esse protagonismo feminino histórico. É importante nos apoderarmos de informações claras e diversas para analisarmos causas do desperdício do direito político eleitoral, valores e projetos da sociedade, contextualização da crise estrutural do capitalismo, desenhar e perseguir uma nova visão integrada, holístíca, multifacetada, atenta a necessidades de mudanças de comportamento em um planeta sedento de cuidados para garantirmos a Vida.

Planejamento, atitude, luta, aplicação de políticas para o desenvolvimento humano sustentável, com eqüidade, justiça social e equilíbrio ambiental, são fases importantes para qualquer ação no presente e garantia do futuro. Precisamos colocar em prática atitudes de mudança no consumo em nome da preservação da vida. Visito faculdades, empresas e instituições que têm projetos ditos “sustentáveis”, mas que não passam de propaganda. O desafio é a garantia da vida com qualidade, prazer, alegria, desejo de querer fazer não porque alguém nos manda, ordena, impõe, mas porque sabemos ser necessário no papel de cada um. Oportunidades diretamente linkadas com Consumo Consciente, Comércio Justo, Produto Limpo, Desperdício Zero, Cultura dos RRRRRR – Repensar, Racionalizar, Reduzir, Reaproveitar, Recriar, Reinventar, Reciclar, Revolucionar, com proatividade, sem desperdício, na perspectiva de resíduo zero.

Mais que entender os efeitos negativos do Aquecimento Global falta ao Ser Humano interiorizar, absorver, na alma, coração e cérebro, que a felicidade em Ser pode estar na busca do outro. Caminhar nessa direção requer enfrentar obstáculos, abrir mão de atos egoístas, imediatistas, superficiais, repetitivos, convencionais, para transgredir, subverter e quebrar regras em nome da dinâmica natural do Universo, com renovação, invenção, criatividade, compromisso e prazer em fazer.

Liliana Peixinho*-DRT 1.430 – Jornalista, ativista sóciombiental. Fundadora dos Movimentos AMA/RAMA- Rede de Articulação e Mobilização em Comunicação Ambiental Aluna Especial mestrado Cultura e Sociedade e da pósgraduação em Jornalismo Científico.- Facom – UFBA lilianapeixinho@gmail.com
http://www.falandonalata.wordpress.com/